O Lago de Constança não é exatamente um oceano, mas pelo menos a maior concentração de água doce da Alemanha. Pela localização no "Mar Suábio" e a proximidade dos Alpes, Constança tem uma história repleta de rupturas.
No princípio eram os romanos. "Constantia" foi fundada durante o Império Romano. No século 14, a localidade entrou para a liga de cidade suábias, passando para o domínio austríaco no século 16 e sendo submetida ao controle de Baden no século 19. Hoje, a cidade à margem sul do Lago Constança é o centro cultural e econômico da região, com seus 78 mil habitantes.
Entre Constança e a localidade vizinha Kreuzlingen passa a fronteira entre a Alemanha e a Suíça. No cotidiano dos habitantes de ambas as cidades, isso interfere cada vez menos. Nessa região fronteiriça, suíços e alemães dividem linhas de ônibus, centros culturais e esportivos, além de transitarem de um lado a outro para fazerem compras.
Deste ponto de vista, a fronteira é praticamente inexistente. Assim como se vêem em Constança inúmeros carros com adesivo da Suíça, veículos com placas alemãs são absolutamente comuns nas ruas de Kreuzlingen.
Lago forma centro da cidade
A identidade de Constança é definida não apenas pela proximidade da Suíça, mas também pela presença marcante do maior lago alemão. O Lago de Constança determina a vida da cidade sobretudo durante o verão. As mesas ao ar livre nos restaurantes e cafés à beira do lago estão sempre lotadas.
O corso de passantes ao longo da marina se mistura aos grupos de turistas que chegam ao porto de barco.
O lago também é importante para os inúmeros moradores das cercanias que vêm trabalhar em Constança, vindos de barco. A base econômica da cidade é garantida pelo turismo e pela universidade.
Para espantar o frio
Os habitantes de Constança têm orgulho de duas tradições: a do carnaval suábio-alemânico (fasnet) e a dos bistrôs de vinho (weinstüble). O auge do carnaval de Constança, em meio ao mais rigoroso inverno, é o desfile animado e colorido de foliões pela cidade. Tradicionalmente, a intenção dessa festa popular era espantar os maus espíritos e anunciar o fim próximo da longa estação de frio.
Os weinstüble são uma invenção de Constança para amantes do vinho apressados. Não se sabe ao certo como surgiu esse tipo de estabelecimento. Fato é que o verdadeiro alemão de Constança gosta de beber o seu viertele, um quarto de litro de vinho, em pé. E por quê? Muitas vezes é a falta de tempo mesmo, mas os comunicativos moradores de Constança também argumentam que, em pé, é mais fácil entrar em contato com várias pessoas ao mesmo tempo.
Natureza e história atraem turistas ao Lago de Constança
Imperia: estátua símbolo da cidade no porto de Constança
Aos pés dos Alpes, Lago de Constança é o maior da Alemanha. Na fronteira com Suíça e Áustria, atrai milhares de visitantes, interessados na cultura local ou em relaxar em meio à bela paisagem.
A melhor maneira de chegar a Constança é pela água. No porto, a imponente estátua Imperia, símbolo da cidade da autoria de Peter Lenk, recepciona desde 1993 os navegantes. Na mão esquerda, traz a figura grotesca de um papa, na direita, a de um imperador. É uma referência aos tempos do Conselho de Constança, em 1414-1418, a única vez em que um papa foi eleito em solo alemão. No prédio do antigo Conselho, funciona hoje um restaurante.
Mainau é conhecida como Ilha das Flores
Mainau, paraíso das flores |
Cores e perfumes recebem o turista
Microclima torna pequena ilha no Lago de Constança um paraíso de flores. Mainau é uma verdadeira preciosidade da jardinagem, com plantas e aves de todas as partes do mundo.
Graças à sua localização no ensolarado sul da Alemanha e protegida pela cadeia dos Alpes, a ilha de Mainau encontra no Lago de Constança a umidade e a temperatura necessárias para tornar-se um enorme jardim colorido, todos os anos, entre a primavera e o outono europeus.
Entre suas atrações principais estão a escada italiana numa cascata de água e flores, o terraço com floreiras, o caminho das rosas silvestres, as coníferas, as sequóias gigantes, o jardim de frutas tropicais, as esculturas florais do pavão e dos patinhos.
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Entre as poucas edificações na ilha, além de um restaurante, estão o castelo − a residência dos proprietários −, a igreja barroca, a Casa das Borboletas* e a estufa de palmeiras. Nesta, palmeiras de 30 tipos diferentes crescem lado a lado. A mais interessante é uma palmeira originária das Ilhas Canárias, com mais de 15 metros de altura, plantada em 1888.
Nesta estufa, onde convivem papagaios, pavões e outros pássaros exóticos, são cultivadas diversas espécies de cítricos, plantas normalmente ambientadas em países de clima mais quente. O orquidário, com suas mais de três mil orquídeas, uma pequena cascata e um laguinho com peixes completam o ambiente.
No parque de arvoredos, crescem 500 tipos diferentes de árvores e coníferas, naturais dos Estados Unidos, Líbano, China... A atração do bosque é uma embaúba cuja copa mede 60 metros de diâmetro.
Butterfly house on the isle Mainau in Lake Constance - sobre o Lírio da Paz |
Conhecida também como Ilha das Flores, Mainau é ligada por uma ponte a Constança, cidade próxima à fronteira com a Suíça. A ilha tem 45 hectares e pertence a um bairro da cidade.
Os primeiros vestígios humanos remontam a 3000 a.C. No ano 15 a.C. os romanos baniram os celtas do local e construíram ali uma fortificação e um estaleiro para navios de guerra.
Dos séculos 9º ao 13, a ilha pertenceu ao Mosteiro de Reichenau, passando por diversos donos até que, em 1928, foi herdada pela casa real sueca. O idealizador desta maravilha da jardinagem foi o grão-duque Frederico I de Baden, que construiu o parque do castelo e mandou plantar o jardim de roseiras e as árvores cítricas.
Família administra a fundação
Conde Lennart Bernadotte, falecido em 2004 |
A entrada e o estacionamento pagos pelos mais de um milhão de turistas a cada ano não cobrem nem de longe os custos de manutenção dos jardins e dos prédios históricos. Apesar das críticas dos ambientalistas, a família Bernadotte preferiu apostar no merchandising, abrindo, por exemplo, a igreja para a realização de casamentos e oferecendo as instalações para congressos, seminários, exposições, concertos e, mais recentemente, casamentos em grande estilo para turistas chineses.
São atrações, também, eventos artísticos ligados ao tema da jardinagem, além de ginástica ao ar livre (tai chi aos sábados), e o enorme Mainau-Maxi, o rosto de um anão feito com vasos de 16 mil plantas floridas, e que tem nove metros de altura por 16 de largura. Um recorde!
Na margem norte do Lago, há o Museu de Palafitas (Pfahlbaumuseum), no vilarejo de Unteruhldingen. No local, é possível visitar casas erguidas sobre a água, semelhantes àquelas em que viviam caçadores, comerciantes e pescadores na pré-história.
Castelo de Meersburg domina o Lago de Constança
Não muito longe dali, dando vista sobre o lago, está o Castelo de Meersburg, que deu nome à pequena cidade medieval onde se encontra.
A antiga residência episcopal é hoje um museu, que – com suas vistas panorâmicas, arquitetura e história – atrai turistas o ano inteiro.
Universidade de Constança: pequena, mas charmosa
Charme arquitetônico junto ao Lago de Constança |
A pequena universidade às margens do Lago de Constança é uma das poucas instituições superiores da Alemanha com todos os seus prédios concentrados num só campus.
Fundada em 1966, a Universidade de Constança é a menor entre as seis universidades contempladas pelo programa de excelência do governo alemão em outubro de 2007. O objetivo dos seus idealizadores era conceber uma "universidade reformista" (Reformuniversität) que oferecesse novas modalidades de ensino e pesquisa.
Seguindo o conceito reformista, em vez de institutos ela foi dividida em três setores interdisciplinares, oferecendo, ao mesmo tempo, teoria e prática. A administração centralizada e a biblioteca aberta são outras das peculiaridades da instituição, que não oferece cursos de Medicina nem de Engenharia.
Localizada no sul da Alemanha, na fronteira com a Suíça, a Universidade de Constança iniciou suas atividades em 1966, ainda em caráter provisório num antigo mosteiro dominicano. No ano seguinte, começou a ser construído o atual campus universitário, ainda hoje em constante ampliação.
Desde seu início, a universidade foi concebida como local de moradia e trabalho, em que as novas formas de ensino e pesquisa se refletissem na moderna obra arquitetônica, seguindo a filosofia da "arte na construção". Esta se caracteriza, entre outros, por curtas distâncias entre os prédios, várias salas em vez de um amplo auditório, além de uma ampla oferta variada de salas de aula e pesquisa, bem como de áreas de repouso.
No semestre 2007/08, estavam matriculados na instituição cerca de 10 mil alunos. Os 40 cursos das áreas de Ciências Humanas, Naturais, Jurídicas e Econômicas são ministrados por mais de 170 professores.
(rw) LPF/ DW-TV